Retirada das Fraldas: Informações importantes

E agora? Preciso tirar a fralda do meu bebê!

O processo de retirada de fraldas, deve ocorrer de uma forma natural, respeitosa e gentil para a criança. Aqui, o grande protagonista é a criança, ou seja, o papel dos pais e cuidadores é de supervisionar e apoiar o pequeno. Afinal, ele é o centro do processo e, por isso, cada passo deve seguir o seu ritmo. Esse é um momento muito importante na conquista por mais independência.

É preciso entender se a criança já possui capacidade para iniciar este processo. Infelizmente, existe uma pressão cultural para esse processo, e vale ressaltar que o tempo é da criança, e não dos pais, nem da vizinha e muito menos da escola ou da sociedade.

 

Retirada de fraldas: como iniciar o “desfralde” do jeito certo?

Quando a criança se conscientiza sobre sua própria necessidade de eliminar urina e fezes ela já pode ser considerada “treinada” para o controle e, então, pode iniciar o ato sem um lembrete ou um preparo por parte dos pais. O controle da evacuação, em geral, precede o controle da micção.

A Abordagem orientada para a Criança indicada pela Academia Americana de Pediatria (AAP), que é a mais utilizada, recomenda que as crianças não sejam forçadas a iniciar o processo de desfralde até que apresentem os sinais de prontidão e que os pais estejam orientados para reconhecer esses sinais.

Nos últimos 50 anos, a média de idade na qual as crianças com desenvolvimento neuropsicomotor normal completam o processo de desfralde aumentou de 24 meses para 36 a 39 meses. O uso de fraldas descartáveis, pais que trabalham fora com menos tempo para orientar o desfralde dos seus filhos e a disponibilidade cada vez mais ampla de informações sobre técnicas da abordagem orientada para a criança são possíveis as explicações sugeridas para tal fenômeno de aumento na idade do desfralde.

Algumas orientações da Abordagem orientada para a Criança:

·       Os sinais de prontidão para o desfralde da criança deverão ser avaliados por volta dos 24 meses de idade, pelo pediatra em conjunto com a família.

·       Recomenda-se somente o uso de elogios para reforço, desencorajando o uso de guloseimas ou recompensas materiais, como brinquedos.

·       Deve-se escolher uma época em que os pais e os cuidadores estejam mais disponíveis: os pais e os cuidadores necessitarão estar disponíveis e motivados para iniciar o desfralde, assegurando que o tempo seja reservado para o processo inclusive com as adequações necessárias à rotina familiar. Deve-se ter tempo e paciência para supervisionar às idas ao banheiro

·       O processo de desfralde não deverá ser iniciado em um momento de estresse da vida da criança ou da família (por exemplo, após uma mudança de casa, de escola, perda de um ente querido ou após o nascimento de um novo irmão) e os pais deverão estar preparados emocionalmente para lidar com tranquilidade com as perdas urinárias e fecais inevitáveis, que ocorrerão até o final do processo. Para o início do processo, é importante

·       Caso da criança frequente escola ou creche, o desfralde deve ser iniciado de forma concomitante em todos os ambientes.

·       O prazo de duração do processo fisiológico até o sucesso completo do desfralde pode variar entre 6 e 12 meses após o início do treinamento.

 

Qual é a idade ideal para retirar as fraldas?

A verdade é que não existem regras rígidas para o início. O processo começa quando a criança demonstra sinais de que já está pronta para ficar sem a fralda.

É importante frisar que a idade não é um bom parâmetro para o treinamento esfincteriano. Em média, o processo começa por volta dos 24 meses de idade, sendo que a grande maioria acontece entre 30-36 meses de idade.

A literatura pediátrica enfatiza a importância da criança apresentar os sinais de prontidão, ou seja, habilidades físicas e psicológicas específicas antes de iniciar o desfralde.

As crianças com desenvolvimento neuropsicomotor normal começam mostrar as habilidades de prontidão e a maturidade física necessária para o desfralde geralmente entre 24 e 36 meses de idade. É importante ressaltar que toda criança tem um desenvolvimento individualizado e, portanto, somente a idade não é um bom critério para decidir o momento de iniciar o desfralde.

 

Os principais sinas de prontidão são:

1. Imitar o comportamento dos pais ou de cuidadores.

2. Desejar agradar.

3. Desejar ser autônomo: insistir em concluir tarefas sem ajuda e orgulhar-se de novas habilidades.

4. Andar e estar apta a sentar de modo estável e sem ajuda.

5. Pegar pequenos objetos.

6. Capaz de dizer NÃO como sinal de independência.

7. Entender e responder a instruções e seguir comandos simples.

8. Saber puxar as roupas para cima e para baixo (capacidade de retirar a cueca/calcinha sozinhas).

9. Possuir um vocabulário simples referente ao desfralde.

10. Usar palavras, expressões faciais ou movimentos que indicam a necessidade de urinar ou evacuar.

11. Mostrar interesse em outras pessoas que estejam usando o banheiro

12. Ficar seco por duas horas ou mais durante o dia.

13. Dizer que está “fazendo xixi” no momento da micção, em geral nos banhos.

14. Dizer aos pais que acabou de urinar ou evacuar em pequena quantidade na fralda e se incomodar com a fralda molhada. Tentar retirar fralda molhada ou pedir para ser trocado.

15. Não querer usar fraldas ou mostrar interesse em cuecas ou calcinha.

16. Conseguir ficar parada no penico ou vaso sanitário por 3 a 5 minutos.

17. Permanecer brincando com a mesma atividade por mais de 5 minutos.

18. Ser capaz de apontar o que deseja.

19. Ter iniciado a comunicação por palavras ou frases simples.

20. Não apresentar atrasos nos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor segundo

avaliação médica ou de psicólogo.

21. Compreender e seguir comandos simples.

 

Penico ou vaso sanitário?

Antes de iniciar o processo de desfralde os pais precisarão decidir qual instrumento será utilizado: penico ou vaso sanitário.

Penico:

O penico é geralmente preferido nos primeiros estágios do processo, pelo fato das crianças se sentirem mais seguras, não necessitar de redutor para o vaso sanitário, as pernas ficarem bem apoiadas, o dispositivo poder ter motivos lúdicos e poder ser deslocado para outros ambientes. O penico também fornece a melhor posição biomecânica para a criança. O fundamental é tornar o processo de desfralde fácil e o mais divertido possível para a criança, sem qualquer forma de cobrança.

Os pais deverão apresentar o penico como objeto pessoal da criança. Ele deverá ser escolhido junto com a criança e colocado em um local conveniente para que ela se sinta atraída a usá-lo. A criança deve ser ensinada a observar, tocar e familiarizar-se com o penico bem antes de seu uso ser encorajado, em um momento prazeroso e lúdico.

Quando a criança começar mostrar interesse em usar o penico, os pais devem deixá-la sentar-se sobre ele totalmente vestida, para evitar um desconforto inicial e gerar confiança, sem criar nenhuma expectativa. Nunca forçar a criança a sentar-se ou permanecer sentada no penico.

Em seguida, a criança é incentivada a sentar-se no penico após a remoção de uma fralda molhada ou com fezes. Para ajudar a criança na conceituação e compreensão do processo, os pais podem ser ensinados a demonstrar o propósito do penico, por exemplo, depositando nele o conteúdo de fraldas sujas. Finalmente, a criança é encorajada a desenvolver uma rotina de sentar-se no penico em horários específicos do dia (por exemplo, depois de acordar de manhã, após as refeições ou lanches, antes de dormir). É importante elogiar a criança sempre que ela se sentar no penico.

Uma vez que a criança usou o penico com sucesso por uma semana ou mais, pode-se desfraldar a criança. Existem calças de treinamento (laváveis e reutilizáveis) que podem facilitar o processo para os pais. O ideal é que o treinamento esfincteriano seja completo e que se evite usar a fralda durante o dia, o que pode confundir a criança e dificultar o processo. Perdas urinárias ou fecais são inevitáveis, e os pais precisam ser compreensivos e mostrar à criança que isso pode acontecer. Importante sempre demonstrar naturalidade e evitar criticar ou repreender a criança nessas situações de perdas.

A transição para o vaso sanitário somente deverá ser iniciada quando a criança estiver segura e treinada no uso do penico.

Apesar de o penico ser preferível, algumas crianças gostam de imitar os pais e preferem os vasos sanitários. Nesses casos esses podem ser utilizados desde que

os pés fiquem apoiados e haja um redutor.

 

Vaso sanitário:

Apesar de o penico ser preferível, algumas crianças gostam de imitar os pais e preferem os vasos sanitários. Nesses casos esses podem ser utilizados desde que

os pés fiquem apoiados e haja um redutor.

Caso os pais e a criança optem pelo vaso sanitário é necessário colocar um redutor de assento de vaso sanitário e um apoio para os pés para que fiquem firmes e seguros. Um banco elevado será usado tanto para a criança alcançar o assento, quanto para apoiar os pés enquanto estiver sentada, dando a sensação de que ela pode sair quando for preciso e auxiliando-a na posição mais fisiológica para a evacuação.

Algumas crianças têm medo de cair no vaso sanitário (mesmo com o redutor de assento) e do barulho da descarga de água. Nesses casos, usar um penico pode ser mais fácil.

Como a criança aprende muito pelo exemplo, os pais devem demonstrar como eles usam o vaso sanitário. Repetir as demonstrações faz a criança ganhar segurança

 

Dicas durante o processo de retirar a fralda:

1. Decida o vocabulário a ser usado.

2. Assegure-se de que penico ou o vaso sanitário sejam facilmente acessíveis.

3. Se usar o vaso sanitário, use um redutor de assento e um apoio para pés.

4. Crianças aprendem muito pela imitação: Em alguns momentos, permita que o bebê veja pessoas próximas indo ao banheiro, utilizando o vaso sanitário em pé ou sentadas.

5. Incentive a criança a avisar quando ela sentir que urinou ou evacuou em pequena

quantidade ou quando sentir vontade.

6. Elogiar o sucesso e a tentativa de avisar mesmo quando ocorreu perda.

7. Aprenda os sinais comportamentais da criança quando ela estiver na iminência de urinar ou evacuar.

8. Não esperar resultados imediatos; as perdas fazem parte do processo.

9. Garantir a cooperação de todos os cuidadores para fornecer uma abordagem consistente.

10. Após sucessos repetidos, usar calças de treino ou roupas íntimas.

11. Sempre encorajar a criança com elogios e sem guloseimas. Não é permitido qualquer punição e/ou esforço negativo.

12. Utilize as chamadas cuecas ou calcinhas “especiais”: Desperte o desejo da criança em usar tais cuecas especiais: Com desenhos e suas cores preferidas ou iguais as de alguém que seja referência para elas (super-heróis, pessoas queridas...). E prepare-se, pois a criança deverá usar uma boa quantidade delas por dia!!!

13. Ensine primeiro a fazer xixi sentado, depois em pé.

14. Muitas vezes o xixi e o cocô vêm juntos, e nem sempre a criança sabe identificar qual deles está para sair. Faz mais sentido ensinar o menino a fazer xixi e cocô do mesmo jeito, sentado, pelo menos no começo. Outra vantagem é que ele pode se concentrar na coisa em si, sem ter de se preocupar em acertar a pontaria.

15. Uma vez que o menino esteja fazendo xixi direitinho sentado, você pode propor que ele tente fazer em pé no vaso sanitário. Se necessário, utilize um banquinho de apoio.

16. Coloque roupas que sejam fáceis de serem retiradas pela criança. Quando sair de casa, sempre leve uma muda de roupas extra. Prefira roupas mais largas, que seja fácil para a criança retirá-las ou deixe a criança sem a parte de baixo por algum tempo: Nesse período, quanto menos a criança tiver que se preocupar com o modo de tirar a roupa, melhor. Se puder, deixe a criança a vontade, sem a parte de baixo da roupa, pois assim quando houver possíveis escapadinhas, a criança não se sentirá culpada e não sujará tantas roupas.

17. A higienização deve ser sempre da frente para trás nas meninas, e ensine os pequenos a lavarem as mãos após fazerem xixi ou coco.

 

Quando iniciar a retirada de fraldas no período noturno?

O controle noturno da bexiga, geralmente, ocorre após o controle diurno. Normalmente, a criança está preparada para o processo de retirada da fralda noturna quando começa a acordar seca praticamente todos os dias da semana.

Esse período se inicia próximo aos quatro anos e se completa entre 5 a 7 anos de idade.

Sempre deixe uma muda de roupa de cama e pijamas próximas a cama da criança durante o processo, facilitando a troca à noite. Nunca chame a atenção da criança ou a menospreze. Evite situações em que ela se sinta humilhada.

 

Problemas durante a retirada das fraldas:

Aproximadamente 2% a 3% das crianças com desenvolvimento neuropsicomotor adequado

e sem doenças crônicas ou neurológicas apresentam problemas durante o processo do desfralde.

O insucesso do desfralde é muito frequente quando iniciado na ausência de sinais de prontidão. Se a criança não estiver pronta, as tentativas em concluir o desfralde não serão eficazes.

Se uma criança expressar a recusa para o desfralde, uma pausa de um a três meses é sugerida. Isso permite que a confiança e cooperação sejam restabelecidas entre pais e filhos. Depois desse intervalo, a maioria das crianças está pronta para reiniciar o treinamento.

É importante que na presença de constipação intestinal, o tratamento dessa condição seja instituído antes do início do processo do desfralde. Uma dieta rica em fibras, quantidade reduzida de produtos lácteos associada à ingestão hídrica adequada pode auxiliar para a obtenção da consistência fecal normal e mais fácil eliminação das fezes.

Em caso de tentativas repetidas mal-sucedidas; crianças com 36 meses ou mais que não apresentam sinais de prontidão; ou 48 meses ou mais sem terem concluído o desfralde diurno, o pediatra deverá ser consultado.

 

Fontes:

https://www.hcrp.usp.br/CER/upload/Orientacao_para_o_desfralde.pdf

https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2020/01/Treinamento_Esfincteriano-1.pdf

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