Dieta Vegetariana na Infância

Uma dieta vegetariana bem balanceada é capaz de promover crescimento e desenvolvimento adequados a crianças e adolescentes. Além disso, o vegetarianismo está amplamente associado a benefícios à saúde na prevenção de doenças como obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia, doença cardíaca isquêmica, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer.

A seguir estão detalhadas as considerações relevantes e as formas mais eficazes de ofertar cada nutriente para melhor planejar a dieta vegetariana e garantir que, mesmo excluindo todos os derivados animais, possa se fornecer uma nutrição adequada para todas as fases da vida:

 

Energia:

ü  Ofertar os alimentos mais frequentemente;

ü  Utilizar alimentos de maior densidade calórica, como castanhas, nozes, amêndoas, amendoim, que podem ser oferecidos de forma natural (a partir dos 3 anos), ou na forma de manteigas/pastas;

ü  Priorizar o consumo de leguminosas (feijões em geral);

ü  Adicionar óleos e azeites às refeições.

 

Proteínas:

ü  As principais fontes vegetais de proteínas são as leguminosas (feijões, ervilhas, grão de bico, lentilhas, favas, soja ou seus derivados, como o tofu e leite de soja).

ü  Lacticínios e ovos, caso seja a opção da família, são alimentos bastante ricos em proteínas.

 

Gorduras:

ü A oferta de uma colher de sopa/dia de óleo de linhaça nos alimentos ajuda no consumo adequado de ômega 3.

ü A adição de azeite (principalmente de oliva, mas também de abacate, amendoim, avelã, amêndoas e castanhas).

 

Ferro:

ü  Para melhorar a absorção do ferro, é de suma importância introduzir agentes facilitadores junto à refeição, como frutas e vegetais frescos, principalmente as frutas amarelo-alaranjadas e os vegetais verde-escuros.

 

Cálcio:

ü  Leite materno contém a maior parte das necessidades no bebê;

ü  Consumir vegetais com folhas verdes escuras com baixo teor de oxalatos (como couve, agrião e brócolis), sementes de gergelim, pasta de gergelim, amêndoas, leites e iogurtes vegetais fortificados com cálcio, soja, tofu com adição de cálcio, figo e outras frutas desidratadas são boas fontes de cálcio.

 

Zinco:

ü  O aleitamento materno exclusivo, ou uso de fórmulas quando indicadas, proporcionam quantidades adequadas de zinco até os 12 meses de vida.

ü  Grãos integrais e leguminosas, castanhas e sementes são boas fontes vegetais de zinco.

ü  Consumir alimentos fontes de zinco preferencialmente junto a alimentos ricos em vitamina C ou outros ácidos orgânicos (presentes em frutas);

ü  Colocar feijões e grãos de molho em água pelo menos 12 horas, e desprezar esta água antes do cozimento, reduz a quantidade de fitatos e aumentam a biodisponibilidade do zinco.

 

Iodo:

ü  O aleitamento materno supre as necessidades e nenhum sal deve ser adicionado à dieta do bebê até um ano de idade;

ü  Após um ano de idade, utilizar na comida, evitando o excesso.

 

Vitamina A:

ü Frutas amarelo-alaranjadas e vegetais verde-escuros comuns na culinária brasileira, como cenoura, abóbora, batata-doce, mamão, caju, ervilha, agrião, almeirão, mostarda, couve e alguns óleos vegetais (dendê, buriti e pequi).

 

Vitamina B12:

ü Todos os vegetarianos estão sob risco de desenvolver deficiência de vitamina B12. Assim, a partir da introdução alimentar, a B12 deve sempre ser suplementada;

ü Indicada monitorização dos níveis séricos e suplementação para as mães durante a amamentação, se necessário.

 

Vitamina D:

ü Todas as crianças devem receber 400ui/dia a partir da primeira semana de vida e 600ui/dia dos 12 aos 24 meses de vida.

 

Introdução alimentar:

As orientações gerais são as mesmas para lactentes vegetarianos e não vegetarianos (ver o outro guia de orientação já entregue).

A alimentação do bebê pode conter frutas nos lanches intermediários, mas é importante que nas refeições principais todos os grupos alimentares encontrem-se presentes.

Na introdução alimentar vegetariana as carnes e possivelmente ovos e derivados não serão incluídos, sendo necessário aumentar as porções de leguminosas, e adequar a porção de cereais para que a recomendação nutricional seja mantida = 1/3 de legumes e verduras cozidas, 1/3 de leguminosas e 1/3 de cereais.

adição de azeite de oliva e óleo de linhaça após o prato montado garante complementação calórica, lipídicas e de ômega 3.

Junto à refeição principal é interessante obter uma fruta com maior teor de vitamina C (acerola, tangerina, mamão, goiaba, manga, morango, laranja), fator que auxiliará na absorção do ferro

Não esquecer de deixar as leguminosas de molho na água por 12 horas antes do cozimento, desprezando a água. Esta prática garante a melhor absorção de nutrientes como ferro e zinco.

 

Fontes:

Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, 2019. Brasil.

Ministério da Saúde. Guia alimentar para população brasileira, 2014. Brasil

SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. Vegetarianismo na infância e adolescência. 2017. Brasil.

Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro. Pediatria Ambulatorial. Vegetarianismo, 2021. Brasil.

 

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