Cólicas no Bebê

Ocorre quando um bebê saudável chora ou se agita com frequência sem um motivo claro. É definido como chorar mais de 3 horas por dia, pelo menos 3 dias por semana, por mais de 3 semanas. Às vezes, não há nada que se possa fazer para aliviar o choro do bebê. Lidar com as cólicas é um estresse a mais aos novos pais já cansados ou estressados.

Antigamente, muitos diziam que a cólica era parte do desenvolvimento normal da criança e não necessitava de nenhum tipo de atenção específica. No entanto, além do sofrimento que ocasiona no bebê, a cólica do lactente pode se associar com muita ansiedade nos pais e redução na qualidade de vida da família.

A prevalência da cólica é variável nos diferentes inquéritos da literatura (entre 6% e 30%). Entretanto, uma taxa maior de lactentes apresenta cólica segundo a percepção de suas mães. Neste contexto, recentemente, um grupo de especialistas recomendou a ampliação da definição de cólica, mesmo quando a duração diária do choro seja menor do que três horas por dia e, também, não se exige a duração do sintoma por pelo menos três semanas.

A cólica pode começar algumas semanas após o nascimento. Geralmente é o pior entre as 4 e 6 semanas de idade. Os bebês geralmente superam as cólicas por volta dos 3 a 4 meses de idade.

Quando o choro não desaparece após as outras causas serem descartadas pode ser cólica do lactente. Isto é, se a criança para de chorar após receber alimentos ou trocar as fraldas é sinal de que não era cólica a causa de sua reação. Mas atenção: nem todo choro inconsolável é cólica do lactente. Assim, se essa situação permanecer, o pediatra deve ser consultado para avaliar cada criança e fazer o diagnóstico correto do problema.

 

Sintomas de cólica

As características da cólica podem incluir:

·      Chorar sem motivo claro. Por exemplo, sem estar com fome ou fralda suja.

·      Chorar na (s) mesma (s) hora (s) todos os dias. Bebês com cólicas geralmente ficam agitados no final do dia. No entanto, o choro pode acontecer a qualquer momento.

·      Cerrar os punhos e deixar os braços rígidos, além as costas arqueadas e das pernas curvadas ao chorar.

·      Chorar como se estivessem com dor.

·      Ficar vermelho ao chorar.

Quando o bebê chora, ele pode engolir o ar. Isso pode causar mais gases, fazendo com que a barriga pareça inchada ou tensa. Eles podem desta maneira apresentar algum alívio nos sintomas após a evacuação de gases ou evacuação (cocô).

 

O que causa cólica?

Não se conhece com a exatidão as causas da cólica. Acredita-se que estejam envolvidos na sua geração fatores ligados ao ambiente, incluindo o status biopsicossocial da família. Também podem influenciar seu aparecimento a imaturidade do sistema nervoso central, intolerância à lactose, anormalidades em hormônios gastrintestinais, alteração da motilidade e na colonização do intestino. O caráter autolimitado da cólica, ou seja, seu desaparecimento espontâneo sugere que a cólica do lactente pode sofrer grande influência do desenvolvimento do tubo digestivo ao longo dos primeiros meses de vida.

Com relação à alimentação, a cólica do lactente pode ocorrer tanto em crianças que recebem leite materno como única fonte de alimento ou naquelas alimentadas com mamadeiras. Estudo realizado no Brasil mostrou que crianças que não recebem leite materno tem quase o dobro de risco de apresentar cólica do lactente. Nunca deve ser interrompido o aleitamento natural exclusivo para reduzir cólica do lactente.

Raramente o lactente pode ter cólica ocasionada por alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Estes casos podem ocorrer quando o bebê é alimentado com mamadeira ou mesmo quando se encontra em aleitamento natural exclusivo. Esses bebês melhoram quando a mãe que amamenta deixa de consumir alimentos com proteínas do leite de vaca (leite, derivados do leite, alimentos preparados com leite).

Se ao retirar a exposição da criança ao leite de vaca a cólica parou é sempre interessante tentar verificar o sucesso da dieta de exclusão como responsável pelo controle do problema. Para tanto, após o controle da cólica, deve ser reintroduzida a proteína do leite de vaca na dieta da mãe. Outros alimentos que a mãe consome na esmagadora maioria das vezes não está envolvida com a cólica do lactente. Assim, não se justifica a exclusão de outros alimentos da dieta da mãe. As crianças que não recebem mais leite materno deverão receber uma fórmula especial conforme recomendação do Pediatra.

Muitas vezes considera-se que o choro excessivo possa ser causado por refluxo gastroesofágico (oculto ou com regurgitações). Várias pesquisas comprovaram que o tratamento do refluxo gastroesofágico não reduz a duração do choro.

 

Como a cólica é diagnosticada?

O médico pediatra pode diagnosticar cólicas, de acordo com um exame físico minucioso e análise da história e dos sintomas do bebê.

Muitos problemas de saúde podem parecer cólicas. Se você está preocupado com seu bebê, seu médico pode fazer um exame completo para descartar problemas como:

•   infecção - por exemplo, infecções de ouvido ou infecções do trato urinário;

•   doença do refluxo gastroesofágico - uma causa rara, mas possível de choro;

•   hérnia - por exemplo, hérnias inguinais ou umbilicais;

•   alergia - por exemplo, à proteína do leite de vaca ou de soja, que pode estar no leite materno ou em algumas fórmulas para bebês;

•   pressão ou inflamação no cérebro e sistema nervoso;

•   batimento cardíaco irregular;

•   assaduras ou outra fonte de irritação.

 

A cólica pode ser prevenida ou evitada?

Não se pode prevenir ou evitar que o bebê tenha cólicas.

 

Tratamento de cólicas

Como não existe uma causa clara para a cólica, não existe um tratamento. Existem algumas recomendações que podem acalmá-lo:

 

 

Se o bebê estiver sendo amamentado:

·      Acompanhar o que se come e bebe. Tudo o que se consome é passado para o bebê e pode afetá-lo.

·      Evitar cafeína e chocolate, que agem como estimulantes.

·      Evitar laticínios e nozes, caso o bebê seja alérgico a eles.

·      Perguntar ao médico se algum medicamento que se está tomando pode estar causando a cólica.

 

Se o bebê estiver sendo alimentado com fórmula:

·      Tentar trocar por uma marca diferente. Os bebês podem ser sensíveis a certas proteínas da fórmula.

·      Tentar alimentar o bebê com refeições menores, mas com mais frequência.

·      Evitar alimentar o bebê muito ou muito rapidamente. Uma alimentação com mamadeira deve durar cerca de 20 minutos. Se o bebê tomar mais rápido, tentar usar um bico com um orifício menor. Isso irá retardar sua alimentação.

·      Experimentar aquecer a fórmula à temperatura corporal.

·      Experimentar alimentar o bebê na posição vertical.

 

Segurando o bebê

·      Bebês com cólicas às vezes respondem bem a diferentes maneiras de serem pegos ou embalados no colo.

·      Segurar o bebê no braço ou no colo enquanto massageia suas costas.

·      Segurar o bebê em pé, se ele tiver gases.

·      Segure o bebê enquanto caminha.

·      Balançar o bebê nos braços.

 

Confortando o bebê

·      Fornecer contato pele a pele (barriga do bebê com barriga da mãe).

·      Enrolar o bebê em um cueiro, manta ou cobertor.

·      Reduzir estímulos para o bebê (evitar locais com muito barulho ou excesso de pessoas);

·      Cantar para o bebê em um ambiente tranquilo.

·      Dar um banho morno ou aplicar compressas mornas na barriga.

·      Massagear a barriga do bebê. Peça orientações ao seu médico.

·      Flexionar as coxas do bebê sobre a barriga.

·      Forneça ruído brando, como um cochicho, um ventilador, aspirador de pó, máquina de lavar, secador de cabelo ou lava-louças.

·      Dar uma chupeta ao bebê.

·      Dar um passeio com o bebê no carrinho (ou na cadeirinha do carro).

·      Não utilizar chás, trocar marcas de leite ou usar medicamentos sem a orientação do Pediatra;

·      Seguir sempre as recomendações do Pediatra, que realmente sabe o que é melhor para a saúde do seu bebê.

·       

Medicando o bebê

·      Considerando-se que a colonização do tubo digestivo é diferente nas crianças com cólica, vem sendo investigado o papel dos probióticos no seu tratamento. Até o presente, foi demonstrado que apenas um tipo específico de probiótico (não todos) pode reduzir a duração diária do choro e acelerar a resolução da cólica do lactente.

 

Para os pais estressados com a cólica:

A cólica não causa problemas de curto ou longo prazo para o bebê. Mas a cólica pode ser um desafio para os pais. Pode ser difícil cuidar de bebês que não param de chorar. Os itens a seguir devem ser sempre lembrados sobre as cólicas:

·      Você não causou a cólica, então tente não se sentir culpado.

·      As cólicas irão embora. A maioria dos bebês não tem mais cólicas por volta dos 3 a 4 meses de idade.

·      Só porque seu bebê tem cólicas, não significa que ele não seja saudável.

·      Existem muitas maneiras de acalmar seu bebê.

·      Dar atenção extra ao seu bebê, como segurá-lo por longos períodos, não vai mimá-lo demais.

·      Peça ajuda a amigos, familiares e/ou para a funcionária/babá, se houver necessidade de uma pausa. Descansar e reduzir o estresse da mamãe e do papai também ajudará o bebê.

·      Entre em contato com o pediatra do seu bebê se: o choro do seu bebê se associa com febre, vômito, diarreia, sangue nas fezes ou prostração/mudança no comportamento do bebê (palidez ou apatia).

 

Fontes:

https://www.nhs.uk/conditions/colic/

https://www.webmd.com/parenting/baby/what-is-colic#1

https://raisingchildren.net.au/newborns/behaviour/crying-colic/colic

https://kidshealth.org/en/parents/colic.html

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